março 25, 2010
O PRINCIPEZINHO
"(...)
A raposa calou-se e ficou a olhar durante muito tempo para o principezinho.- Por favor...Prende-me a ti! - acabou finalmente por dizer.
- Eu bem gostava - respondeu o principezinho - mas não tenho muito tempo.Tenho amigos para descobrir e uma data de coisas para conhecer...
- Só conhecemos as coisas que prendemos a nós - disse a raposa. - Os homens, agora, já não têm tempo para conhecer nada.Compram as coisas feitas nos vendedores.Mas como não há vendedores de amigos, os homens já não têm amigos.Se queres um amigo, prende-me a ti!
- E o que é preciso fazer? - perguntou o principezinho?
- É preciso ter muita paciência.Primeiro, sentas-te um bocadinho afastado de mim,assim, em cima da relva.Eu olho para ti pelo canto do olho e tu não dizes nada.A linguagem é fonte de mal-entendidos.Mas todos os dias te podes sentar um bocadinho mais perto...
(...)
E foi assim que o principezinho prendeu a si a raposa.E quando chegou a hora da despedida:
- Ai! - exclamou a raposa - Ai que me vou pôr a chorar...
- A culpa é tua - disse o principezinho. - Eu bem não queria que te acontecesse mal nenhum, mas tu quiseste que eu te prendesse a mim...
(...)
E então voltou para o pé da raposa e disse:
- Adeus...
- Adeus - disse a raposa. - Vou-te contar o tal segredo.É muito simples: só se vê com o coração.O essencial é invisivel para os olhos...
- O essencial é invisivel para os olhos - repetiu o principezinho, para nunca mais se esquecer.(...)"
Retirado do livro O Principezinho de Antoine de Saint-Exupéry
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